Nietzsche, em seu filosofar, não pode ser identificado como um filósofo portador de um discurso periculoso e trágico. Pelo contrário, essa suposta carga negativista e pessimista que se verifica nos seus escritos, ressoam, em quase todas as suas abordagens, como um manifesto de reivindicação e de superação da condição existencial humana.
Em Nietzsche e a Liberdade o autor apresenta ainda a estrutura da perspectiva trágica ao abordar o paradoxo da noção nietzschiana que faz do ser humano aquele que é livre ao acatar a necessidade, e que aceita, por isso, as forças presentes no jogo dionisíaco da vida.
Nietzsche e a Liberdade deve e pode ser lido tanto por aqueles que estão se iniciando no pensamento de Nietzsche quanto por aqueles que estão mergulhados nesse fascinante universo porque alia, de forma prazerosa, clareza e profundidade
Para Nietzsche, a moral, a religião e a metafísica consideram o homem livre, dotado de uma suposta vontade autônoma, no intuito de torná-lo imputável pelos seus atos, arrogando-se o direito de julgá-lo e condená-lo.
Esta tradição normativa emprega conceitos abstratos – ‘sujeito’, ‘vontade’, ‘causalidade’ etc – com a finalidade oculta de controlar as ações do homem...
“A liberdade – junto com a noção de ‘pecado’ – é um ‘instrumento de tortura’ nas sociedades organizadas sacerdotalmente.”
A concepção nietzschiana de liberdade, mostrando o quanto ela se afasta radicalmente da concepção moral e como se aproxima da criação e da arte, uma vez que tal concepção estaria fundamentada na autonomia do homem, criador incessante de valores.
De acordo com essa perspectiva positiva, o livre-arbítrio humano é criador, ou seja, o ser humano teria a capacidade de fixar continuamente novos valores, desfazendo e refazendo avaliações. Portanto, para além do bem e do mal estabelecidos pela moral e pela religião, tal como um artista, o homem criador estaria no devir de construir e destruir formas, avaliações, valores, estabelecendo novas interpretações, e nessa "arte de viver" ele próprio se constituiria.
Fonte(s):
Em seu livro "Assim falou Zaratustra", Nietzsche destaca a necessidade do anúncio do super-homem.